sexta-feira, 17 de junho de 2011

Não há mobilidade nas cidades limitando o uso das Bikes

O sucesso da implementação de planos de mobilidade no trânsito tem um elemento extremamente importante: “a circulação não-motorizada”. A bicicleta (bike) é um instrumento essencial para o fortalecimento de um transporte mais acessível. Representa um veículo individual que mais atende ao princípio da igualdade, pois proporciona a equidade no uso do espaço público, também favorece a inclusão social por ter um preço relativamente barato e de manejo fácil, além de promover a sustentabilidade ambiental.

As maiorias das cidades brasileiras não se preocupam em acomodar as bikes com o mesmo empenho dedicado aos automóveis. Metade dos transportes motorizados efetuam deslocamentos inferiores a 5 Km e, ainda, são responsáveis por mais de 50% das emissões de poluentes nas cidades, o que causa sérios problemas a saúde da população.
Além disso, são causadores de graves acidentes de trânsito. A opinião de Granier é a seguinte , “...o carro é um instrumento de poder e destruição. Ele é inimigo dos seres humanos: não somente porque ele os mata (pedestres imprudentes, transeuntes distraídos, vítimas de assassinos comuns, os motoristas), mas também porque ele os deforma, os desfigura, os nega – uma pessoa ao volante não é mais um ser humano.” (sic)

Infelizmente, na segunda-feira (13/06/2011), O empresário e ciclista Antonio Bertolucci, de 68 anos, morreu depois de ser atropelado por um ônibus em uma alça de acesso da avenida Paulo VI (São Paulo). A vítima era o presidente do Conselho de Administração do Grupo Lorenzetti, um dos principais fabricantes de duchas e chuveiros do País. O caso ganhou repercussão nacional, porém, todos os dias morrem em nossas vias pais e mães de família que escolheram a bike como meio de transporte. Em nosso país, infelizmente, ela ainda não é vista como uma alternativa de locomoção.

Bertolucci, dono de uma grande fortuna, poderia transitar com os carros mais luxuosos e blindados que se possa imaginar, a fim de manter o conforto e de proteger-se da violência urbana daquela capital, contudo, escolheu a bicicleta como seu transporte diário.

No Brasil, estabeleceu-se uma cultura preconceituosa que marginaliza e estereotipa a bike como “veículo de pobre”, exatamente porque a grande maioria dos usuários é de baixa renda e que a utilizada como meio de transporte para ir e vir do trabalho, tendo como exemplos dessa realidade os operários da construção civil, os desempregados e os autônomos em empregos informais. Contudo, existem muitos casos que contrariam essa visão distorcida. Um exemplo disso é ratificado pelo empresário que se tornou mais uma vítima da violência no trânsito enquanto pilotava sua bicicleta. Outra característica de uso da bicicleta refere-se ao lazer, principalmente das crianças, constituindo-se, também, de grande utilidade para exercitar-se fisicamente, merecendo um carinho especial dos professores de educação física.

A premissa da bicicleta pode não ser a resposta definitiva para o tráfego urbano, porém, constitui-se parte dessa solução. A distribuição modal é profundamente desproporcional para os deslocamentos a pé e dos veículos não-motorizados comparando-se com os investimentos que são realizados para os automóveis, aos quais, são constantemente privilegiados com novas construções de pontes, viadutos, rodovias, alargamentos viários, entre outros. Quase sempre não se pensa em construção de ciclovias nas áreas urbanas, o que denota completo desprestígio para essa modalidade de locomoção.

Os Governos e a Sociedade precisam repensar esse novo, porém antigo, modelo de mobilidade - especialmente nas grandes cidades onde a trafegabilidade já está caótica - porque traz muitos benefícios, justamente por tratar-se de transporte de inclusão em virtude do seu baixo custo, tem baixíssima probabilidade de poluição, assim como ajuda na promoção de melhor qualidade de vida dos seus adeptos. A bicicleta pode ser uma alternativa importante para a mobilidade urbana, precisando apenas ser estimulada e priorizada nas ações por um trânsito melhor.



Texto elaborado por Ivani Ventura, Guarda Municipal do Recife (GMR) e Bacharelando Gestão de Segurança no Trânsito. E por Altino Ventura, Inspetor da GMR, formando em Gestão de Segurança Pública.



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