sexta-feira, 10 de junho de 2011

O ditado popular “de moto para morto só falta o R”, revela um grande problema na utilização desse meio de transporte.


Em decorrência do aumento da frota, facilidade de financiamento, rapidez de ultrapassar os congestionamentos, baixo consumo de combustível e um preço mais acessível do que a maioria dos automóveis, as motocicletas se tornaram um meio de transporte bastante utilizado. Por essa razão, os números de acidentes de trânsito (ATs) envolvendo-as estão cada vez mais frequentes. 



    Os dados do Ministério da Saúde também mostram que a cada 100 mil brasileiros, 76,5 foram internados no ano de 2010 em decorrência de acidentes no trânsito. As maiores taxas são entre os motociclistas (36,4 por 100 mil) e pedestres (20,5 por 100 mil).

Para o Ministério das Cidades, O “acidente de trânsito” não existe, pois acidente é algo inevitável, como uma intempérie. Contudo, pensando de outra forma, concluímos que o “acidente de trânsito” ocorre porque houve desatenção ou imprudência ao transitar pelas vias terrestres, e isso é algo que podemos evitar e para tal necessitamos mostrar à sociedade que as variáveis que o envolvem são perfeitamente controláveis e estão sob domínio de qualquer cidadão.

A motocicleta é a representação da urgência. Hoje o indivíduo moderno exige entregas rápidas de pizzas, encomendas, refeições, ingressos, remédios, documentos, entre outros. Essa pressa requer altas velocidades, arriscando os seus condutores a altos índices de acidentes. Infelizmente o risco não é unifocal, há os fatores humanos, ambientais, viários, mecânicos e de ordem institucional que contribuem para a causa dos ATs. O fator de ordem institucional é caracterizado pela inobservância ou desobediência das normas de circulação e a impunidade dos infratores; os fatores mecânicos pela negligência da manutenção da moto, carga mal acondicionada, desgaste excessivo do pneu etc.; os fatores viários referem-se à sinalização precária, buracos, distância insuficiente entre os postes de iluminação e a via, entre outros; Os fatores ambientais também contribuem para os acidentes, chuvas, árvores muito próximas à via, animais etc.; Os fatores humanos são o excesso de velocidade, falta de descanso e o uso do celular, representando esses apenas alguns dos fatores.

Logo verificamos que os ATs podem ser evitados, a exposição desnecessária ao risco é uma tendência constante, e crescente até, para os motociclistas. A vulnerabilidade dos condutores desse veículo em relação aos demais chama a atenção. Pela sua maior exposição corpórea, os motociclistas estão mais propensos a lesões de maior gravidade e, consequentemente, óbito, durante os acidentes. Embora, as motos representem menor frota em relação aos veículos, elas contribuem com o maior número de vítimas, girando em torno de 56% (DPVAT, 2010). De acordo com o Anuário do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (RENAEST), o número de veículos envolvidos foi de 597.786, dos quais 246.712 foram automóveis; 200.449 motocicletas; 54.463, caminhões; e 32.496, bicicletas. Esses acidentes produziram 619.831 vítimas não fatais no ano de 2008. As lesões graves envolvendo os motociclistas comprometem, principalmente, os membros inferiores (pernas). Porém, em geral, os traumas são mistos, ocasionando desde perda de pele, traumatismos de face e de crânio, como lesões na coluna cervical, podendo levar a tetraplegia do motociclista.

Ações e compromissos estão sendo firmados com o Sistema Nacional de Trânsito (SNT), os Ministérios da Saúde e das Cidades para a diminuição da morbimortalidade por ATs. Aprimoramento e Integração das bases de dados dos vários setores (Segurança Pública, Saúde, Transporte/Trânsito e outros) para a produção de análises de tendências e cenários, monitoramento de indicadores e identificação de pontos críticos (áreas quentes) de ocorrências das lesões e mortes no trânsito, assim como, implementação da Rede de Atenção às Urgências com priorização nas vítimas do trânsito (ênfase em motociclistas), são algumas das atividades para a conquista de um trânsito seguro. Entretanto de nada adiantará às ações preventivas se, por outro lado, não tiverem usuários responsáveis no trânsito, empenhados na observância da segurança e da preservação da vida.

Texto elaborado por Ivani Ventura. Guarda Municipal do Recife. Bacharelando Gestão de Segurança no Trânsito.

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Referências:

Brasil. Ministério da Saúde. Programa de redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito: mobilizando a sociedade e promovendo a saúde. Rev Saúde Pública 2002; 36:114-117

_____________. Impacto da violência na saúde dos brasileiros. Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 340p.

DPVAT. Comunicado DPVAT: 1º Semestre de 2010. Disponível em: <http:
//www.seguradoralider.com.br/imagens/imprensa/COMUNICADO_2009_Crop
2.pdf>. Acesso em 06 jun. 2011.

Ministério da Saúde. Década de Ação para a Segurança no Trânsito 2011-2020: Panorama. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/
saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=37121>. Acesso em: 05 jun.2011.

Imagens:

Sobre motos.com. Motos curiosas e diferentes: moto esqueleto. Disponível em: <http://sobremotos.solupress.com/sobremotos/news/article.asp?articleid=648>. Acesso: em 08 jun. 2011.

Impacto vídeo locadora. Turbinados. Disponível em: <http://www.impactovideolocadora.com.br/2008/img/moto.jpg>. Acesso em: 08 jun. 2011.

BP Blogsport. Acidente na Monsenhor Gersino. Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_ifbF3sE6SPU/TKPVAwiEGyI/AAAAAAAAAYA/YVAom8nOzYA/s1600/4+acidente+na+Monsenhor+Gercino+(Iran).JPG>. Acesso em: 08 jun. 2011.


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