A melhoria da mobilidade nas grandes cidades representa um
grande clamor da sociedade brasileira. Quando os usuários das vias terrestres
são perguntados sobre o que acham do trânsito nas cidades, respondem de pronto:
“congestionado!”; “não tem quem aguente isso!”; “isso é culpa dos governantes;
dos órgãos competentes; dos agentes!” etc. Mas será que esses usuários não
contribuem para o caos no trânsito?
Infração de trânsito, segundo o Código de Trânsito
Brasileiro (CTB), é a inobservância ou o desrespeito das normas deste código,
da legislação complementar e das resoluções do CONTRAN.
Mobilidade diz respeito à movimentação e o uso das vias com
objetivos diversos. Vai desde a circulação ou parada de um indivíduo até o
transporte e entrega de mercadorias ou equipamentos, em uma síntese. Porém, não
iremos investir nesse termo em sua complexidade. O que nos interessa é o
aspecto que se refere ao trânsito. Mas o que tem a ver infração e mobilidade?
As cidades são, em geral, compostas por ruas e avenidas
abertas a circulação pública. São nessas vias que circulam, param e estacionam
veículos, pessoas e animais. Pois bem, nesses locais a interação social é
intensa e essa proximidade acaba por provocar o fenômeno “conflito social”, no
nosso caso “de trânsito”. Ocorre que muitas pessoas aprenderam que viver em
sociedade é um direito e esse seu direito exerce superioridade sobre os demais.
Exemplo: eu tenho direito de entrar num coletivo e sentar numa das cadeiras
disponíveis, mas para conseguir isso eu também tenho direito de disputar,
empurrar alguém para chegar primeiro e viajar comodamente sentado. Não é assim
que acontece? Infelizmente.
No trânsito não é muito diferente, as pessoas saem de suas
casas atrasadas para trabalhar ou ir à escola/faculdade e querem descontar o
seu atraso pondo em risco a segurança de outras pessoas que circulam nos
logradouros públicos. Diariamente as normas de trânsito são desrespeitadas,
infrações são cometidas em nome da corrida contra o tempo e, por isso, disputam
cada espaço viário. Por pouquíssimo tempo que fiquemos esperando o semáforo
ficar verde para o pedestre, com um pouco de atenção, verificaremos vários
motoristas dirigindo veículos utilizando aparelho celular; fumando ou dirigindo
com apenas uma das mãos; com som em volume que o deixe sem atenção e cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito; avançando o sinal vermelho do semáforo;
parando o veículo sobre as faixas de pedestres ou em fila dupla para alguém
desembarcar; estacionando o carro sobre a calçada; motociclistas transitando
sobre o passeio público ou sem capacete; condutores fechando cruzamentos,
travando e prejudicando a circulação viária. Estas infrações são apenas algumas
mais praticadas de um rol bastante amplo.
Então, infringir as normas de trânsito representa um
atentado à segurança de inúmeras outras pessoas que circulam pelas vias urbanas
e, por ser tão comum visualizá-las, assistimos pacificamente o aumento dos
índices de acidentes de trânsito que já fizeram milhares de vítimas mortas em
todo o País ou com sequelas irreversíveis. É preciso que tenhamos a compreensão
de que ao cometer um ato desrespeitoso à legislação de trânsito, por mais banal
que seja, estamos interferindo na mobilidade e na segurança das pessoas, e
então, não teremos argumentos para queixar dos deslizes alheios. Há muita
hipocrisia nos relacionamentos da mobilidade, indivíduos reclamam da conduta
alheia, mas se comportam às margens das regras sociais. O CTB é um compêndio
que estabelece normas e condutas adequadas para que tenhamos um trânsito menos
caótico e mais seguro. Atitude cidadã é respeitar o direito de todos, e assim,
termos os nossos direitos garantidos. Exercer a cidadania é promover educação.
Quem ganha com isso? Toda a sociedade.
Em razão disso, deixo-os um apelo: quando um infrator de
trânsito estiver sendo autuado pela irregularidade cometida, as demais pessoas
do povo devem posicionar-se em favor dos agentes encarregados da aplicação da
lei, a fim de desmotivar aquele condutor infrator de cometer mais abusos ao
volante. Não se trata de indústria da multa, mas de educação para um trânsito
melhor. Inúmeras pessoas aprenderam a se comportar sob coação dos pais e
precisam disso para educar-se em sociedade.
Altino Ventura da Silva Júnior
Inspetor da Guarda Municipal do Recife
Instrutor e Agente de Trânsito
Fonte:http://www.perkons.com/pt/noticia/1424/as-infracoes-de-transito-e-a-interferencia-na-mobilidade
Instrutor e Agente de Trânsito
Fonte:http://www.perkons.com/pt/noticia/1424/as-infracoes-de-transito-e-a-interferencia-na-mobilidade
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